"...Eu luto para ser sempre um homem bom. Um homem bom... E queria poder ensinar isso aos meus filhos. Queria poder ter a quem me dedicar. Tenho medo que os dias passem, que eu envelheça e não tenha mais ninguém para compartilhar comigo. Quando olho para os meus amigos eu penso: Como será esse cara na velhice? Uma casa cheia de filhos; de netos... Será amado por sua família e por seus amigos? Deixará algo de valor e eternizado na mente e no coração de alguém? Ou será alguém indesejável e brevemente esquecível? Eu sou tão sozinho, que nem de Deus me aproximo. Eu não faço preces. Vivo como um pequeno pé de feijão que nasce, por caso, no meio de uma plantação de joio ou de trigo. E diante disso, eu só posso concluir que a minha vida é completamente sem graça! Ela não é nada; que eu sou uma grande piada, visto que não tenho a importância virginal de ter feito a diferença real no mundo em que vivo. E quando me olho no espelho, eu me pergunto: “Quanto tempo ainda me resta para mudar isso?”
Trecho do romance "O Corpo Marcado de Giz"
Personagem: Dr. Gustavo Flávio